quinta-feira, 19 de março de 2009

HUMANISMO -

UM TRABALHO PRODUZIDO POR APRENDIZ DE NOSSA LOJA:


PEÇA DE ARQUITETURA: Humanismo


Nesta peça de arquitetura, tratarei de expor alguns fatos sobre o “Humanismo” como os fatores históricos, a sua influência sócio-cultural e a sua influência sobre a franco-maçonaria (ou maçonaria especulativa). E embora o tema comporte inúmeras informações e aspectos relevantes, passarei a concentrar as informações nos critérios influenciadores tanto para a instituição maçônica quanto para o “ser” (indivíduo) maçom.
O Humanismo é uma corrente filosófica herdada pelo Iluminismo (caracterizado pela valorização das grandes idéias pela ciência e pela razão, alcançando a iluminação do pensamento pela racionalidade) que preceitua o homem como ente primordial e prioritário na contextualização das ações humanas. Sua base firma-se em uma postura filosófica alinhada a padrões éticos e morais que remetem à racionalidade e suas conseqüências para com o “modus vivendi” e “status societatis” (na tradução ficaria como modo de vida e padrão social). Esta corrente filosófica afasta a crença estruturada na divindade e de que a espiritualidade ou dogmas são incidências inquestionáveis para os resultados das intenções humanas.
De modo geral, o Humanismo caracteriza-se por uma filosofia condicionada ao questionamento, resultante da racionalização das ações humanas, descabida de influências dogmáticas ou religiosas, valorizando a busca pelo conhecimento através das ciências, da lógica e da razão.
Este comportamento foi evolutivo uma vez que na idade média, através de uma evolução sócio-econômica na Europa baseada na exploração de novos continentes e expansão das fronteiras, novos sistemas de comércio (mercantilismo), invencionismo (como a bússola, por exemplo), entre outros, que basicamente deram o início aos conceitos de globalização como compreendemos hoje. Além disto, ocorreu a formação de uma nova estrutura social denominada “burguesia”, que passou a exercer um papel fundamental na libertação do pensamento e da dependência do clero, por intermédio de ações independentes e liberais, baseadas em um modo de enriquecimento econômico e cultural focados no comércio, produção e serviços, até então desestruturados na coletividade social e agregados diretamente aos sistemas imperialistas e pelo próprio clero.
Muitas fontes, embora eu não tenha realizado uma pesquisa criteriosamente aprofundada neste assunto, remetem o início do Humanismo da mesma forma que o “Humanismo literário”, que teve sua projeção na idade média, baseado nos aspectos e fatores informados no parágrafo anterior, entre outros, tal qual o retorno dos estudos da cultura clássica antiga (baseada na cultura da filosofia e racionalidade grega). Em meu ponto de vista, o Humanismo realmente se projeta desta ação, fazendo surtir no Renascimento seus verdadeiros ideais, e persistindo como filosofia intelectual até os dias de hoje.
A franco-maçonaria nasce baseada em toda esta evolução humanista agregada da idade média, porém concomitantemente reforçada pela influência iluminista que deu origem ao termo “pedreiro livre” (free mason), uma vez que a maçonaria especulativa era estruturada pelo simbolismo, pela filosofia, pela liberdade, igualdade e fraternidade.
Mesmo que muitos dos ritos vinculam filosofias mais ligadas à questões místicas, possuem estes mesmos aspectos que a originaram e lhe deram rumo. O rito moderno, porém, apresenta exatamente a filosofia humanista pelo fato de integrar como essencial a cultura racional e a liberdade de pensamento de acordo com a ética, a moral e a razão. Até por esta razão, algumas lojas de outros ritos possuem certas restrições ao rito moderno pelo fato de afastarem a espiritualidade e a condição mística, assim como do fato de não cultuarem o simbolismo místico como modo de explicar a filosofia maçônica.
O maçom moderno é um ferrenho estudioso e defensor da sociedade. Sua escola filosófica é amplamente conectada ao estudo do simbolismo pela racionalização de suas intenções. Os valores resultantes dos estudos realizados, e fundamentados principalmente em peças de arquitetura, reforçam esta idéia. O ideal proposto por estes trabalhos é compreender filosoficamente o sentido que estes símbolos maçônicos compõem para a formação do caráter e dos valores do homem, aos quais deverão ser aplicados no mundo profano. E esta é, sem dúvida, uma filosofia humanista, como maneira de valorizar o homem como foco prioritário para mudanças positivas nos meios sociais, através da família, da comunidade, da política, da filantropia, entre outros.
Podemos citar Maquiavel, Martinho Lutero, Leonardo da Vinci, Cristóvão Colombo, entre outras personalidades da passagem do século XIV, figuras ilustres que demonstraram pela influência de suas ações e descobertas o sentido que se determinou para um pensamento mais voltado à intelectualidade no sentido de dar liberdade ao próprio pensamento e ao espírito humano pelo movimento humanista. Importante salientar que estas personalidades não “inventaram” o Humanismo, mas influenciaram o movimento através da assimilação de cientistas e pensadores que o originaram.
Enfim, este “movimento intelectual” que ganhou grande força do Renascimento e sobrevive até hoje, reforçado por intelectuais, cientistas e políticos, é destaque para a forma como a franco-maçonaria conduz a sua própria filosofia existencial. O homem é a base de todos os estudos maçônicos, seja pelo lapidar de sua “pedra-bruta”, seja pela retidão de seus atos, seja pela maneira como deve se portar e agir perante a sociedade no sentido de evoluir a si e ao próximo. E estes fatores são heranças desta corrente filosófica caracterizada por exaltar o homem como elemento transformador e direcionador pelo seu livre arbítrio. E esta é a denominada filosofia humanista.

Jaraguá do Sul, 11 de setembro de 2010.

Roger A. dos Santos
http://a-partir-pedra.blogspot.com/
conheça uma pagina da maçonaria portuguesa, escrita por maçons...