sexta-feira, 26 de novembro de 2010

COMO VOCE QUER SER TRATADO?

Como você quer ser tratado?
Como pessoa, por inteiro? Ou fracionado como negro, branco, estudante, trabalhador, consumidor, mulher, homossexual, emo, cristão, etc.?
É uma questão de opção ou de desinformação, de falta de educação e amplitude de pensamento?
A nossa lei maior, procura fazer com que sejamos vistos como cidadãos, indivíduos que vivem em sociedade, e por outro lado também, privilegia grupos.
A tendência hoje, nos parece, é procurarmos grupos, guetos, covis, não a sociedade para nos ambientarmos.
Temos a tradição dos migrantes, que buscam entre seus patrícios o conforto da distancia de sua terra, mantendo seus usos e costumes e também as questões regionalistas, bairristas e familiares que nos impele a procurarmos mais nossos “pequenos mundos”
Um grande erro, a meu ver, nos dias de hoje, quando justamente deveríamos buscar a integração social, esquecendo-nos dos detalhes que nos aproximam de poucos. Isso é que provoca as discriminações e o esquecimento de que somos parte de um todo maior, de uma sociedade complexa e não uma sociedade pequena, restrita a paredes, muros, limites geográficos ou linguísticos como os sotaques. Isso nos faz esquecer o pan e nos apegarmos ao microcosmo da célula social que é o grupo mínimo, que nem sempre mais é a família, muitas vezes, ela foi substituída por uma tribo.
Com isso, perdemos a consciência política, passamos a entender que política é apenas o que fazem por nós (meu grupo), por mim, e não pela sociedade. Política não é construir estradas, hospitais e escolas mais, e sim asfaltar a minha rua, me dar um emprego, facilitar o meu ingresso na faculdade, ou seja, o etnocentrismo, está imperando na sociedade a todo vapor.
Para fazer valer nossos direitos sociais, precisaremos entender que devemos primeiramente reivindicar nossos direitos globais, aquilo que beneficia a sociedade geral, como a educação de qualidade, a saúde, a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da economia e, consequentemente, a geração de empregos.
A segurança pública, que na verdade nunca existiu, a não ser por meros atendimentos de correção, nunca foi preventiva, seja por falta de efetivos, de verbas, de boa vontade dos administradores, levando-nos a mortes estúpidas, no trânsito, por exemplo, ou por latrocínio, especialmente por sujeitos que já passaram várias vezes pela prisão e se escolaram com jubilo nela.
Assistimos a isso tudo reclamando dentro de casa, com os amigos, com a tribo, mas nunca reagimos socialmente como cidadãos, em que pese termos tido ótimos exemplos de reação popular a esses problemas em diversas partes do mundo, e não falo em brigas, quebra-quebra,e tc, me refiro a legítimas reações pacíficas, contra um estado de desgoverno, de má conduta pública de nossos representantes, principalmente no tocante à corrupção que assistimos passivamente, como se fosse algo “normal”. Não, não é, nós é que estamos deformando nosso caráter e aceitando os vícios morais como se fossem fatos sociais corriqueiros.
Devemos valorizar mais o conjunto, a sociedade em primeiro lugar, a nação, a Pátria, depois nosso grupo, que faz parte daquela sociedade. Pensemos nisso e vamos participar da construção dessa construção social. Antes de sermos identificados como branco, negro, hetero, homem ou mulher, sejamos cidadãos.

Marco Antonio Piva de Lima